Durante uma conversa como tantas outras surgiu uma pergunta que por mais banal que fosse a fez reviver muito do que passou e pensar num passado ja meio enterrado, um passado que nunca ficou resolvido e sabia que iria ser sempre uma ponta solta da sua vida, mas por isso mesmo tinha-lhe passado por cima.
"O que é preferivel? ter uma vida super feliz mas na ignorância ou ter-se o controlo da nossa vida e saber-se sempre a verdade e no entanto viver-se infeliz? "
Uma pergunta à qual num impulso respondeu, saber-se sempre a verdade e no entanto ser infeliz. E ficou a pensar no que havera dito e concluiu que sem dúvida nenhuma esse era o seu ideal de vida. Sabia que a felicidade não lhe iria cair nas mãos, mas só pelo facto de recordar o passado, pelo facto de recordar que viveu na ignorância e foi feliz enquanto outros "jogadores" deste jogo vicioso que é a vida assistiam de fora à sua queda, onde nenhum dele foi capaz de chegar à arena e acabar com aquela tortura, acabar com uma felicidade vivida apenas por uma das partes. Quando o jogo acabou, vários foram os jogadores que lhe abriram o jogo, que a fizeram perceber que a vida que tinha considerado feliz e inigualável não tinha passado de uma mentira. Depois disso percebeu que ter os pés colados ao chão, por mais dissabores que isso lhe trouxesse iria ser sempre melhor do que viver na ilusão. Sabia que iria sempre sofrer muito mais, mas isso iria ajudá-la a superar barreiras (por mais que isso custasse) sentir-se-ia realizada por saber a verdade por mais dolorosa e fria que fosse.
Encontrou na infelicidade uma realização perfeita.
Os papéis haviam-se invertido, passou a fazer parte do público que assistia à felicidade ignorante dos outros. Com uma diferença.. iria sempre puxar aqueles que lhe são mais. Nunca iria permitir que alguém que lhe é importante passasse pela mesma mentira que passou.
Vive com os pés colados ao chão, viaja por terras desconhecidas, cerra os olhos e sente-os expressarem-se, sente o sorriso na cara, sente dores que por vezes nem consegue explicar de tão fortes que são... mas pelo menos sabe que todos os sentimentos são verdadeiros.