Linhas cruzadas



Cruzaram-se consigo imensas pessoas e como sempre acontecia iriam ser todas postas num patamar de indiferença.. meros conhecidos e consoante a interferência que tivessem no seu dia a dia e as atitudes que tivessem iria fazer com que subissem ou descessem nesse patamar. Conheceu assim uma das pessoas que lhe foi completamente indiferente.. Era apenas mais uma pessoa que tinha rotulado de mero conhecido.
Conversa de circunstância se tanto era das poucas coisas que tinham em comum.
Raramente se viam, conviviam ainda menos.
Gradualmente e sem grande explicação começaram a conviver mais e descobriu que era uma pessoa totalmente diferente do que julgava.
Sem ter consciência disso fez com que conseguisse abstrair de muitos dos problemas que lhe batiam nas paredes do cérebro, roubou-lhe gargalhadas e sorrisos..
Contribuiu para um bem-estar diferente.
Tinha passado de mero conhecido que se havera cruzado no seu caminho para uma pessoa que tinha conseguido marcar a diferença.

that's the only truth



Tinha conseguido criar uma rotina, fosse isso bom ou mau. Sentia-se uma pessoa minimamente realizada consigo própria.
Quando lhe perguntavam como estava ou se sentia dizia sempre o mesmo. Que estava bem e que simplesmente não pensava nas coisas, pois tinha-lhes passado por cima.
No entanto vários factores fizeram-na perceber a realidade..
'Tens a cabeça num farrapo' foi o que lhe disseram para perceber a sua enorme necessidade de se agarrar a um leque de coisas.. algumas delas não muito saudáveis, fazendo com que mantivesse a cabeça ocupada..
Percebeu que tinha medo de si própria, de se enfrentar, sentia-se fraca e sem a mínima coragem para 'atar' as suas próprias pontas soltas...
Sentia-se demasiado presa a uma rotina que tinha criado como barreira aos seus medos..
Sentia-se acorrentada e atormentada pelos seus próprios medos..
No fundo,
estava frágil .
precisava que alguém lho dissesse e que esse assunto fosse falado para se travasse um batalha contra si própria.
Precisava de se enfrentar .

Nostalgia .

Enquanto se perdia no pensamento...
Deixou que as recordações se apoderassem de si mesma...
Permitiu que as saudades a assombrassem...
Sentiu pedaços de tristeza e felicidade escorrerem-lhe pela face...
Soltou vários sorrisos olhando para o seu passado...
Olhou para o espelho e viu o quanto tinha mudado, crescido.. e apesar de todos os erros e de todas as 'aventuras' que a vida lhe proporcionou, assim como obstáculos.. tinha orgulho de mais tarde poder dizer que bateu com a cabeça e que agora é um ser que consegue erguer a cabeça, e demorando mais ou menos tempo resolve os seus próprios problemas.
Evita paredes, tenta aperceber-se onde as pode encontrar...


Vive cada dia com a energia que tem quando acorda e tenta aproveitá-lo da forma que lhe parece mais correcta.

O meu caminho? transformo-o



Durante uma conversa como tantas outras surgiu uma pergunta que por mais banal que fosse a fez reviver muito do que passou e pensar num passado ja meio enterrado, um passado que nunca ficou resolvido e sabia que iria ser sempre uma ponta solta da sua vida, mas por isso mesmo tinha-lhe passado por cima.

"O que é preferivel? ter uma vida super feliz mas na ignorância ou ter-se o controlo da nossa vida e saber-se sempre a verdade e no entanto viver-se infeliz? "

Uma pergunta à qual num impulso respondeu, saber-se sempre a verdade e no entanto ser infeliz. E ficou a pensar no que havera dito e concluiu que sem dúvida nenhuma esse era o seu ideal de vida. Sabia que a felicidade não lhe iria cair nas mãos, mas só pelo facto de recordar o passado, pelo facto de recordar que viveu na ignorância e foi feliz enquanto outros "jogadores" deste jogo vicioso que é a vida assistiam de fora à sua queda, onde nenhum dele foi capaz de chegar à arena e acabar com aquela tortura, acabar com uma felicidade vivida apenas por uma das partes. Quando o jogo acabou, vários foram os jogadores que lhe abriram o jogo, que a fizeram perceber que a vida que tinha considerado feliz e inigualável não tinha passado de uma mentira. Depois disso percebeu que ter os pés colados ao chão, por mais dissabores que isso lhe trouxesse iria ser sempre melhor do que viver na ilusão. Sabia que iria sempre sofrer muito mais, mas isso iria ajudá-la a superar barreiras (por mais que isso custasse) sentir-se-ia realizada por saber a verdade por mais dolorosa e fria que fosse.

Encontrou na infelicidade uma realização perfeita.

Os papéis haviam-se invertido, passou a fazer parte do público que assistia à felicidade ignorante dos outros. Com uma diferença.. iria sempre puxar aqueles que lhe são mais. Nunca iria permitir que alguém que lhe é importante passasse pela mesma mentira que passou.
Vive com os pés colados ao chão, viaja por terras desconhecidas, cerra os olhos e sente-os expressarem-se, sente o sorriso na cara, sente dores que por vezes nem consegue explicar de tão fortes que são... mas pelo menos sabe que todos os sentimentos são verdadeiros.


Pedaço de vidro cilindrico .


Perdeu a conta do tempo a que se havia deitado, às voltas que tinha dado na sua minuscula cama que naquele momento lhe pareceu infinita, e muito pouco confortável. Havia algo que a estava a deixar totalmente impaciente, que lhe roubou o sono e não conseguia definir ao certo o que era.

Levantou-se com todo o cuidado para não fazer ruído para que ninguém desse conta que estava acordada pois ao fim ao cabo queria entender o que lhe tinha tirado o sono sem que tivesse de o partilhar com quem quer que fosse.. deu passinhos pequeninos e o mais silencioso que conseguiu e começou a pensar no que a poderia ter deixado em tal estado. Problemas? sempre os tivera.. Desilusões? magoavam sempre mas estava mais ou menos habituada a pô-las para trás das costas.. Pairavam-lhe imensas questões pela cabeça, batiam nas paredes do cérebro em todos os seus ângulos e continuavam por se resolver. Sentindo-se incapaz de responder a si própria sentou-se no chão do seu quarto, e começou a olhar em seu redor onde encontrou um frasquinho que lhe chamou à atenção. Estava ali meio "perdido" sem tampa ou qualquer tipo de protecção, apenas um pedaço de vidro com uma forma cilindrica.

Levantou-se e pegou-lhe cuidadosamente, e começou a olhar para ele de todos os ângulos tentado dar-lhe alguma utilidade. Esboçou um leve sorriso e percebeu que o frasquinho lhe iria ser muito útil, decidiu olhar para ele e colocar todas as suas dúvidas dentro dele, não esperava ficar mais leve, ou que este lhe desse as respostas que necessitava mas sabia que iria sentir-se melhor. Partilhou com o pedaço de vidro cilindrico aquilo que a inquietava, sem que ele lhe pusesse qualquer entrave. Voltou a pousá-lo, deitou-se outra vez, fechou os olhos, encheu o peito de ar, relaxou e deixou-se perder no seu mundinho.

Marcas ..



A vida é feita de bons e maus momentos.
De pessoas que marcam mais que outras, que fazem do nosso dia a dia melhor, ou pior. Mesmo aquelas que nos desiludem ajudam-nos a crescer.
Todas a pessoas com quem nos cruzamos, e conhecemos deixam-nos uma marca diferente.


Mariana Almeida, gémea, mãe, amiga que já habita no coração.. Das pessoas com quem já tive vários altos e baixos..
Começámos por ser apenas conhecidas e simpatia era o que não nos faltava, sentido de humor também fazia parte do nosso dia a dia e da convivência. O nosso primeiro elo de ligação foram os morangos com açúcar, sim é verdade que ainda hoje é o nosso sonho frustado, o facto de não termos entrado nos morangos.
Acabámos por nos afastar e a nossa relação ficou fria e perdemos quase o contacto. Como sempre o tempo continuou, porque não nos diz o que estamos a fazer de bem ou mal, espera sempre que nos demos conta desse facto e que tentemos remediar. Não fomos excepção e (agora podia usar a expressão 'ironia do destino' mas não acredito no destino) no nosso 11º ano voltámos a aproximarmo-nos.. não ficámos as melhores amigas mas houve sinceridade da parte dela quando disse 'no inicio deste ano achava que estavas com mania, mas agora sei que isso não é assim'. Quando ouvi aquilo fiquei a pensar que tinha mesmo má imagem minha. Depois desse momento, muitas foram as vezes que convivemos e a nossa amizade começou a desenvolver-se ainda mais. No 12º ano, passou de amiga e gémea a mãe. Desde dessa altura é das pessoas em quem confiava a minha vida. Não dispenso a companhia dela, em nenhum momento mesmo. Muitas vezes dá vontade de correr para os braços dela e abraçar até não poder mais, mas nem sempre é possivel. E por incrivel que pareça estudamos na mesma cidade e quase nunca estamos juntas o que me faz muita diferença.
São poucas as vezes que estamos completamente sozinhas mas falamos muitas vezes e quando estamos sozinhas conseguimos estar a falar sem parar, sim é um facto somos duas 'gralhas' adoramos partilhar as nossas coisas. já partilhámos dor, alegrias, parvoíces, noites de bebedeira, brindes, sinceridade, abraços, beijos, lágrimas, chatices.. todo um leque de emoções.


É a minha mãe, é quem me dá na cabeça, é quem me ajuda a sonhar, é quem me chama à razão, é quem me olha de forma feia se fizer asneiras.

Adoro rir-me com ela, partilhar as minhas frustrações e tristezas. Adoro a nossa amizade, sem dúvida alguma.


Adoro-te mãezinha (L'

End of history.



Depois de todos os momentos.. por mais escassos e pequeninos que fossem, acabou.




Pequeninos mas marcantes. Fizeram sorrir, sonhar, acreditar que afinal sempre seria possivel algo mais.
Houveram viagens consecutivas numa montanha russa, onde predominaram os pontos de interrogação, dos maiores que podem existir, por vezes tornavam-se mais pesados do que o seu próprio corpo, apesar de muitos deles nunca terem sido esclarecidos.
Entrou num enredo de incertezas com esperanças onde o coração falou sempre mais alto e fez com que acabasse por aproveitar o momento mesmo sabendo que isso poderia prejudicá-la, mas foi mais forte que ela..
Incrivel como ele num par de horas conseguiu magoá-la mais do que sempre..
Foram ditas imensas coisas.. quase um monólogo onde ela simplesmente olhava para ele e se limitava a sentir a dor de tudo o que ouvia. Cada palavra pareciam consecutivos espinhos a 'enterrar-se' nos seus pés enquanto caminhava na conversa que fez com que abrisse os olhos e percebesse que tinha sido usada e deitada fora.
Tentou esclarecer a maior parte dos pontos de interrogação que se tinham formado durante aquela conversa, e conseguiu algumas respostas.
Sentiu várias lágrimas cair-lhe pela cara e passado algum tempo quase que num impulso, levantou-se e pronunciou esta frase ' desculpa mas não consigo estar aqui' da qual obteve a resposta 'é perfeitamente normal.' e saiu quase que a correr. E as lágrimas não paravam..





Tinha acabado.